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sexta-feira, outubro 20, 2006
Série da quinzena: Twin Peaks


by Cristina Fragoso





Uma rapariga nua, enrolada num plástico. Cara exangue, olhos fechados, lábios brancos. Imagem que tira a respiração a qualquer um. Uma vila até ali insuspeita, noroeste dos EU, perto do Canadá, pessoas caseiras, vizinhos... um xerife que sabe mais do habitantes do que eles próprios. Como se a primeira descoberta não fosse chocante q.b... mais uma rapariga, esta ainda viva, mas queimada, destroçada, a vaguear... elementos suficientes para nos sentarmos a assistir ao género David Lynch?



Quem matou Laura Palmer? Questão que vagueia intermitentemente durante a série que estreou nos EU no princípio dos anos 90. O FBI chega ao set: Kyle MacLachlan, dá corpo (e bem) a um polícia com métodos pouco ortodoxos – corrijo – menos ortodoxos, que se refugia numa intuição transcendental pouco típica dos seus colegas de profissão: os seus questionários são uma mistura de sugestões de sonhos e visões. Particularidades: dorme com o seu colete anti-bala e engorda à custa de tartes e donuts, tudo isto acompanhado de feições cortadas à faca e traça enigmática. E a investigação começa. Não passa pela cabeça de ninguém que ao fim de não sei quantos episódios, se chegue à conclusão de coisa nenhuma. Isto se queremos de facto concluir o filme com a descoberta do verdadeiro assassino de Laura Palmer, a típica “Rainha do Baile de Finalistas”.



Mais do que a história da morte, a circunspecção de Dale Cooper, o silêncio, os relatórios feitos a alguém que não se vê, algumas personagens menos claras e mais simbólicas, a descoberta de segredos enterrados, terríveis, de infidelidades, mentiras, maus tratos... E a série evolui, no sentido perfeitamente claro. E repito, claro no universo de quem gosta de Lynch, para quem está disposto a não saber quem é que, de facto, matou a bonita rapariga. Tanta referência lateral, toques de cor em lugares insuspeitos, olhares cheios de significado, personagens tão simbólicas que temos que estar com muita atenção para perceber o que prenunciam, o que pretendem transmitir ou anteceder, com a sua passagem no écran.



Mas o tempo é cruel e começamos a ficar com menos paciência, começamos a achar que, com tanto avanço e recuo, a série se torna um yo-yo feito de simbolismos e se perde, no caminho.Porque já começámos a viver com aquelas pessoas, com aquela vila onde qualquer um de nós gostaria de visitar (viver). Começámos a venerar a imagem de um crime quase familiar, os personagens já saíram do écran e encontramo-los, com frequência, sentados ao nosso lado. Já saímos de casa e já nos cruzámos com aquele outro que vimos no café a comer uma das inumeráveis tartes. E então, uma das noites em que mais uma vez não perdemos a série de culto, começamos a mastigar e a pastilha deixa de saber ao sabor original.

Que me desculpem os adoradores de Lynch (ah e de Mark Frost, que me desculpe o co-realizador que ainda não o tinha mencionado)



Sem nenhuma espécie de pretensão esta dissertação passa pela rama da história, mais fundo nos símbolos talvez, mas tem um objectivo simples: vejam...

E remato com uma citação de Lynch
"I liked the idea of a continuing story that sucks you into a deeper world. But Laura Palmer's killer was never meant to be discovered. The mystery was meant to float permanently above the action. Once it got solved, something beautiful was lost."
posted by not_alone @ 17:35  
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